O Globo de ontem noticiou o primeiro caso autóctone de sarampo no país, desde o ano 2000. O caso ocorreu em Belém. Para ler a matéria clique AQUI.
Algumas considerações baseadas na nota divulgada pela Secretaria Estadual de Saúde do Pará:
1. A nota não esclarece qual a "rota de transmissão". Como não há circulação do vírus do sarampo no país, a transmissão provavelmente foi originada a partir de algum viajante que veio de país onde há circulação do vírus. Será que esse caso identificado foi o primeiro ou o único a ter se contaminado ou há outros que passaram desapercebidos? A nota não esclarece se há investigação epidemiológica para identificar esse episódio;
2. Chama a atenção a demora entre a primeira notificação (12/7), feita por uma laboratório privado, e a "chegada" da informação na SES/PA, que só ocorreu em 28/7. Dois pontos, um positivo e outro negativo: positiva a atitude do laboratório privado que notificou a vigilância quando encontrou um resultado positivo para sarampo; negativa a demora inexplicável do contato entre SMS/Belém e SES/Pará diante de uma caso de doença que está em política de eliminação, é de notificação imediata, e que tem de ser "bloqueada" rapidamente para evitar a transmissão;
3. A informação da SES/PA que há dois irmãos do caso confirmado que apresentam sintomas, mas não estão confirmados pelos exames de laboratório, desafia a inteligência epidemiológica. A chance dos dois irmãos, também não vacinados e com sintomas compatíveis com o sarampo, não terem tido a doença beira o impossível. Talvez seja para manter a estatística "baixa": é melhor ter só um caso que três!
4. Não se informa porque os 3 irmãos, todos jovens, não eram vacinados. Moradores de uma capital, nessa faixa etária, não terem tomado a vacina contra sarampo é algo que deve ser objeto de uma investigação cuidadosa para elucidar as razões;
5. A secretaria "descarta a existência de surto". Afirmação estranha para a detecção de casos de uma doença considerada com transmissão interrompida;
6. Esse caso chama a atenção para a necessidade de manter uma vigilância sensível para o sarampo. Espero que a SMS/Belém e a SES/Pará usem esse evento para avaliar as razões de tantas falhas. Melhor que qualquer avaliação burocrática, um evento como esse é uma oportunidade fundamental para ver como as coisas realmente estão funcionando na vida real.
Aguardemos os desdobramentos.
Fiquei sabendo que algumas pessoas ainda estão tendo problemas para postar os comentários
ResponderExcluirBeth David
Vou tentar configurar novamente, mas o comentário está livre.
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