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En salud publica, hay que ser pesimista, pero sin perder el tesón jamás.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Caso de sarampo no Pará

O Globo de ontem noticiou o primeiro caso autóctone de sarampo no país, desde o ano 2000. O caso ocorreu em Belém. Para ler a matéria clique AQUI.
Algumas considerações baseadas na nota divulgada pela Secretaria Estadual de Saúde do Pará:
1. A nota não esclarece qual a "rota de transmissão". Como não há circulação do vírus do sarampo no país, a transmissão provavelmente foi originada a partir de algum viajante que veio de país onde há circulação do vírus. Será que esse caso identificado foi o primeiro ou o único a ter se contaminado ou há outros que passaram desapercebidos? A nota não esclarece se há investigação epidemiológica para identificar esse episódio;
2. Chama a atenção a demora entre a primeira notificação (12/7), feita por uma laboratório privado, e a "chegada" da informação na SES/PA, que só ocorreu em 28/7. Dois pontos, um positivo e outro negativo: positiva a atitude do laboratório privado que notificou a vigilância quando encontrou um resultado positivo para sarampo; negativa a demora inexplicável do contato entre SMS/Belém e SES/Pará diante de uma caso de doença que está em política de eliminação, é de notificação imediata, e que tem de ser "bloqueada" rapidamente para evitar a transmissão;
3. A informação da SES/PA que há dois irmãos do caso confirmado que apresentam sintomas, mas não estão confirmados pelos exames de laboratório, desafia a inteligência epidemiológica. A chance dos dois irmãos, também não vacinados e com sintomas compatíveis com o sarampo, não terem tido a doença beira o impossível. Talvez seja para manter a estatística "baixa": é melhor ter só um caso que três!
4. Não se informa porque os 3 irmãos, todos jovens, não eram vacinados. Moradores de uma capital, nessa faixa etária, não terem tomado a vacina contra sarampo é algo que deve ser objeto de uma investigação cuidadosa para elucidar as razões;
5. A secretaria "descarta a existência de surto". Afirmação estranha para a detecção de casos de uma doença considerada com transmissão interrompida;
6. Esse caso chama a atenção para a necessidade de manter uma vigilância sensível para o sarampo. Espero que a SMS/Belém e a SES/Pará usem esse evento para avaliar as razões de tantas falhas. Melhor que qualquer avaliação burocrática, um evento como esse é uma oportunidade fundamental para ver como as coisas realmente estão funcionando na vida real.
Aguardemos os desdobramentos.