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En salud publica, hay que ser pesimista, pero sin perder el tesón jamás.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Epidemia e memória

O jornalista pernambucano Marcelo Robalinho defendeu dissertação no Mestrado em Comunicação da UFPE enfocando a dengue na mídia. A partir da epidemia de 2002, produzida pela chegada, nas terras pernambucanas, do DENV-3, o Marcelo analisa como a imprensa " vem construindo os sentidos sobre a doença ao longo da última década" e analisa "comparativamente as estratégias discursivas ao longo dos anos posteriores". Na dissertação, ele ainda explora "a questão da memória e de como as antigas pragas influenciaram - e ainda influenciam - os sentidos criados pela mídia ao abordar doenças infecciosas nos dias atuais." 
O tema é muito atual e interessante para todos que se interessam por saúde pública. Muitas vezes as relações entre imprensa e autoridades sanitárias parecem um jogo dos "sensacionalistas" contra os "escondedores". Várias autoridades acusam a imprensa de "sensacionalista", porque gostariam de transformar a mídia em uma espécie de boletim oficial que divulgasse apenas mensagens positivas. ALém disso, muitas vezes, escondem efetivamente seus erros e falhas. Autoridades mentindo, em nossa cultura, infelizmente nunca foi considerado como um grande pecado. O pior, entretanto, é se aceitarmos que se legitime a mentira sobre a situação sanitária.
A imprensa, por outro lado, muitas vezes é mesmo sensacionalista, por despreparo técnico para julgar as informações relevantes; por buscar estabelecer relações causais simplórias, ao gosto da maioria dos leitores; ou por vontade de vender mais jornais. Entretanto, como já se disse, o que devemos exigir é uma imprensa livre, e não a imprensa que só publique o que gostamos. E, a bem da verdade, nossa imprensa, em geral, tem uma atitude muito positiva com temas de saúde, às vezes até ingênua. Os exemplos são vários.
Estou entre os que concordam com a importância que a chamada "comunicação de risco", quando utilizada adequadamente, apresenta para uma moderna e eficaz ação de prevenção e controle de doenças. Muitas vezes, nós epidemiologistas e sanitaristas, não sabemos interpretar os anseios, temores, desconfianças e outros sentimentos que a sociedade apresenta diante de uma epidemia e que são refletidos na imprensa. Nossa reação, às vezes, é querem comparar essas reações subjetivas com dados e aí podemos dizer bobagens como " morreram apenas...", ou "essas mortes são em número menor ao que ocorreu no passado"..., ou ainda, "esses casos e mortes não configuram uma epidemia, apenas um aumento esperado"... e outras bobagens do gênero.
Quem quiser ler a dissertação do Marcelo, o que recomendo pela importância do tema e seriedade da pesquisa realizada, pode clicar aqui.

3 comentários:

  1. Concordo com o Jarbas. Esta dissertacao é massa. Achei particularmente interessante esse diagrama que compara as materias com os casos de doenca
    1. no estado
    2. na capital
    ... e a falta de interesse dos jornalistas para o interior do estado.

    Olivier, Paris

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  2. Bacana a sugestão da Tese do pernambucano Marcelo Robalinho.
    Osmar J Nascimento
    Fortaleza,CE

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  3. Esse espaço pode ser usado para divulgar dissertações, teses e artigos. Mandem mais sugestões!

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